Pão de queijo: de Minas Gerais para o mundo!
- Circuitos Sabores
- 21 de ago. de 2024
- 3 min de leitura
No último dia 17, comemorou-se o Dia Nacional do Pão de Queijo, patrimônio cultural e artístico da culinária mineira.

Imagino que, assim como eu, você se lembre de comer – e de fazer – pão de queijo desde a infância. Mas, além de ser um produto de Minas Gerais e estar em nossas vidas desde sempre, você sabe qual a origem desta guloseima?
Existem algumas versões para seu aparecimento, ambas intimamente ligadas ao Ciclo do Ouro. Uns acreditam que tenha surgido na época da escravidão, em que a farinha de trigo era de péssima qualidade e teria sido substituída pelo polvilho, oriundo da mandioca, velha conhecida dos índios. À receita eram adicionadas sobras de queijo que haviam endurecido para dar sabor à massa, ovos e leite, que, graças à expansão da pecuária, eram ingredientes de fácil acesso.
Outra versão afirma ser uma variação da chipa, receita criada pelas missões jesuíticas, com influências indígena e europeia, e teria entrado no Brasil por volta de 1860.
Seja lá como e quando exatamente esta deliciosa iguaria entrou em nossa história, o importante é que alcançou um lugar de destaque no país e, desde o início da globalização, vem traçando novos caminhos e se implantado em outros países.

Tenho uma relação de amor e ódio com o a internacionalização dos alimentos. Por um lado, permitiu que se tenha à venda em empórios e alguns supermercados todos as gostosuras que descobrimos em nossas viagens. Quando der saudade, e se você tiver dinheiro, claro, dá para comprar quase tudo.
Mas, e a magia de chegar em um país e descobrir todo um universo gastronômico até então desconhecido? E as aventuras de levar para os amigos cachaça, café, kit feijoada? No meu caso, quando morei em Paris, adorava ganhar bis, sonho de valsa, massa de pastel e as batatinhas de marzipan da Copenhagen.


Quanto ao bom e velho pão de queijo, na época, só fazendo em casa. E lá ia eu com polvilho na bagagem para preparar para os amigos os pãezinhos caseiros na forminha de empada. Até o dia em que um tio me proibiu de levar polvilho. Segundo ele, poderiam confundir com cocaína e eu iria entrar em uma enrascada.

Hoje, não é mais preciso correr nenhum risco. Nas últimas décadas nosso produto nacional, em sua versão congelada, ganhou destaque internacional e já pode ser encontrado na França e em vários países. Sua caminhada mundo a fora começou pelo chamado “mercado da saudade”, o das comunidades de expatriados, principalmente Estados Unidos e Japão. A partir dos anos 2000, o interesse por produtos brasileiros, como o pão de queijo, cresceu significativamente, expandindo-se para mercados na Europa, especialmente em Portugal, Espanha e Alemanha.

Voltando ao Brasil, a cidade de Paracatu (MG), com mais de dez fábricas de pão de queijo espalhadas pela cidade, reivindica o título de capital mundial do alimento. A prefeitura do município considera o pão de queijo patrimônio imaterial da cultura local desde 2015 e a receita dos pãezinhos é até mesmo ensinada nas escolas. A cidade diz possuir a receita do melhor pão de queijo do mundo!

Tenho uma amiga, mineira obviamente, que faz biscoito vulcão, que surgiu em um dia em que, ao terminar de preparar a receita do pãozinho, lembrou que não tinha as forminhas de empada em casa. Ai pegou uma grande forma, despejou a massa e assim nasceu o que viria a ser uma tradição da família.

O pão de queijo é mais do que um simples alimento; ele é um símbolo da culinária brasileira que conquistou paladares ao redor do mundo. Sem deixar de ser também símbolo da mineirice e dos bons momentos em que, acompanhado de um cafezinho, outra paixão nacional, deixa nossas manhãs e nossas tardes mais saborosas.

Vida longa ao pão de queijo !
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