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Cerveja Artesanal : Renascimento

Atualizado: 21 de out. de 2020


Após falarmos do atual momento da Cerveja Artesanal no Brasil e nossos desafios para manter este mercado interessante aos consumidores, iniciaremos neste texto uma série que contará sobre esta bebida na história da humanidade.


Usei a palavra “Renascimento” porque desde sua descoberta até o século XX, que trouxe a globalização e a massificação do consumo e do produto, a cerveja era feita de acordo com os recursos e insumos disponíveis em cada parte do mundo, e hoje conseguimos retomar esta diversidade com criatividade, qualidade e conhecimento.


A época exata dos primeiros registros de produção de cerveja ainda não pode ser cravada neste ou naquele século. Literaturas divergem, mas sabe-se de registros entre 10.000 e 4.000 AC. Os mais citados são registros na Mesopotâmia, atual Curdistão, região do Oriente Médio habitada pelos curdos e que ocupa partes da Turquia, Irã, Síria e Iraque, época que estes povos passaram a cultivar cereais para a alimentação.

O que é um consenso na literatura é a maneira que ela foi descoberta: acidentalmente, provavelmente em jarros de armazenagem de cereais esquecidos ou uma massa de pão exposta à água e que sofreram fermentação espontânea. Nesta época as mulheres eram as responsáveis pela produção e distribuição da bebida.

Em 3.000 AC, os Sumérios foram a primeira grande civilização a evidenciar a organização da produção de cerveja. A arte da produção já era estabelecida com vocabulário de ingredientes, recipientes próprios para produção e até tipos de cervejas.

Pessoas bebendo cerveja, de canudo, em um selo cilíndrico do 3o. Período Dinástico da Suméria (cerca de 2600 a.C.). Tasting Beer, Randy Mosher, 2009


A cerveja era uma bebida tida como divina, oferecida frequentemente aos Deuses. No caso dos sumérios, não por acaso, a uma Deusa, Ninkasi. Sumérios, babilônios e gregos deixaram diversos registros arqueológicos que relacionam a produção de cerveja à religiosidade e ao estado.

O código de Hamurabi, conjunto de leis criadas na Mesopotâmia, por volta do século XVIII a.C., pelo rei Hamurabi, uma das mais preservadas obras do gênero e exposta no museu do Louvre em Paris, determinava regulamentações de qualidade da cerveja produzida e a quantidade diária para cada grupo da sociedade.


É possível que o brinde tenha surgido nesta época como uma garantia que as cervejas oferecidas não eram envenenadas, onde o choque dos copos fazia os líquidos se misturarem.


Registros egípcios já trazem a produção de cerveja em larga escala e então dominada pelos homens. A cerveja era tida como essencial para assegurar a felicidade após a morte. Nesta era também se registra o armazenamento em vasilhas seladas e o uso da cerveja como pagamento nas grandes obras daquele reino, como as pirâmides.


As cervejas desta época eram muito diferentes das que temos hoje. O trigo era o cereal mais usado provavelmente. Era comum a adição de frutas como tâmaras e uvas ao mosto, pois era percebida a aceleração da fermentação - hoje sabemos conter leveduras e bactérias nas cascas que ajudam a conduzir a fermentação. O teor alcoólico era muito baixo, 2 a 3% acredita-se, e frequentemente eram adicionados diferentes ervas, raízes e frutos disponíveis, como alecrim, canela, mel, castanhas.



Em casos de calamidade ou desastre natural, era frequente a oferta de grandes quantidades de cerveja aos sacerdotes de forma a apaziguar a ira dos deuses.

No próximo texto já vamos para a Idade Média, um longo período em que a cerveja teve sua grande ascensão. Aguardo vocês lá.

Luis Gustavo Andena

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